quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Controle social e fundamentalismo religioso

Recebi hoje uma versão impressa de uma revista denominada “Opinião mais”. A capa ilustrava uma bíblia com corrente e cadeados e com a matéria principal denominada “PNDH-3: sociedade em alerta. Diante de tal capa percebi logo que se tratava de uma publicação com viés religioso, embora houvessem outras matérias relacionadas a outros temas como gastronomia e turismo.

Diante disso, resolvi experimentar a leitura do periódico. Li em especial dois artigos: o principal, já citado acima e outro que falava sobre pedofilia. A conclusão é claro, já era a esperada: imparcialidade e fundamentalismo. No artigo sobre pedofilia, o redator até tentou dizer que existia pedofilia dentro e fora da igreja, se referindo a igreja aqui como sendo qualquer denominação religiosa. Todavia, acabou não resistindo e afirmando que entre os evangélicos o problema também existe, mas em proporções bem menor do que na Igreja Católica. Proporcionalmente a igreja católica é muito maior que as igrejas evangélicas existentes e cadê as estatísticas que comprovam crimes sexuais cometidos por cada corrente religiosa? Enfim, é no mínimo leviandade afirmar que esta ou aquela corrente possui histórico maior de crimes sexuais. Não sou defensor da igreja católica, ao contrário, sou extremamente crítico com o mesmo, porém acho que as igrejas evangélicas ganhariam muito mais se não vivessem sistematicamente atacando a igreja católica.

Na matéria que trata sobe o PNDH-3 (terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos) a publicação diz que a discriminação contra opção sexual e opção religiosa vai contra os princípios cristãos, opinião que também é compartilhada pela igreja católica, ou seja, as duas correntes querem continuar a ter o direito de discriminar gays, umbandistas e outras correntes minoritárias. Isto são valores de um Cristo que perdoou ladrões, prostitutas e outros pecadores? O título da matéria ainda vem com uma sonora frase "sociedade em alerta". A sociedade está em alerta sim, contra preconceitos e velhos dogmas religiosos que a oprimiram. O projeto traz grandes avanços de uma sociedade LAICA que promove a liberdade de consciência, a igualdade entre cidadãos em matéria religiosa, e a origem humana e democraticamente estabelecida das leis do Estado. 

Uma das matérias diz que estamos numa sociedade hedonista que é infeliz por buscar o prazer desenfreado. Se o ser humano não é feliz hoje porque somos hedonistas, também não foi feliz em outros tempos quando vivia no cabresto religioso que determinava quem ia ou na ara o paraíso. A diferença é que na sociedade moderna e laica não se dá mais poder ao fundamentalismo e é isso que de fato incomoda as doutrinas religiosas existentes: não ter o poder nas mãos.

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