terça-feira, 2 de setembro de 2014

Mauro de Almeida - Iridologia



“Os olhos são a lamparina do corpo. Se seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz”  Mt 6,22.


Nascido na cidade de Japaratuba a 54km de Aracajú, estado de Sergipe/Brasil, Carlos Maurício de Almeida Júnior, Mauro como é chamado, é um conhecedor da técnica de análise iridológica.

Escritor na área da espiritualidade e membro da Associação 'Il Presidio - Centro Studi', com sede na Itália, é atualmente estudante de filosofia na faculdade São Bento da Bahia, prossegue entre os estudos filosóficos, aprofundamento e pesquisa sobre a espiritualidade dos Padres do deserto, bem como do conhecimento milenar de observação e detecção dos males fisiológicos, comportamentais e psicológicos através da íris. 


Um pouco de história:

Os olhos desde a antiguidade foram objeto de atração e fascínio. Achados arqueológicos comprovam que vários povos deixaram inscrições em pedras sobre a íris e a sua relação com o corpo. Hipócrates, filósofo grego, também se interessou pela íris como uma forma de diagnose.

Os primeiros trabalhos mencionando os sinais na íris surgiram em 1670, na obra Chiromatic Medica escrita por Phillipus Meyens (Dresden – Alemanha) e em 1695 nos trabalhos científicos escritos por Joahann Eltholtz (Nuremberg – Alemanha).

Apesar de há muito tempo especulada foi no século XIX que a iridologia conquistou o seu lugar específico ao ser criada pelo médico húngaro Ignaz Von Peczely. 

Aos 10 anos de idade, Von Peczely, que morava nos arredores de Budapeste, capturou uma coruja em seu jardim e acidentalmente quebrou-lhe uma das pernas. Ao tratá-la, percebeu o aparecimento de uma mancha na íris do animal, a qual foi mudando de cor e forma à medida que o tratamento ia prosseguindo. 

O fato permaneceu gravado em sua memória como um acontecimento marcante. Em 1861, a curiosidade deu lugar a um interesse mais intenso, ao acompanhar a doença da mãe e perceber o surgimento de pontos na íris da enferma à medida que seu estado se agravava. Após a morte da mãe, Von Peczely decidiu estudar medicina, o que fez inicialmente em Budapeste em 1862 e em seguida em Viena em 1864, onde se formou médico e cirurgião.
Durante o curso de medicina, Von Peczely acostumou-se a observar e relatar as alterações na íris dos pacientes que acompanhava, procedimento que manteve mesmo depois de ter se formado. Por fim, em 1867, publicou suas descobertas no livro Descoberta no Domínio da Natureza e na Arte de Curar. 

O trabalho causou muita polêmica nos meios científicos recebendo tanto críticas quanto elogios. 

Fato curioso é que, quase na mesma época, o homeopata sueco Nils Liljequist publicava outra obra, Diagnóstico a Partir do Olho, com conclusões semelhantes às de Von Peczely. Sem que os autores se conhecessem nem tivessem qualquer contato entre si, as duas publicações foram fruto da coincidência, como surgimento de uma ideia original em dois lugares diferentes ao mesmo tempo.  

Apesar de as duas obras tratarem do mesmo assunto, o trabalho de Liljequist permaneceu ignorado durante alguns anos, até que iridólogos americanos o descobriram e traduziram para o inglês. A essa altura, porém, Von Peczely já recebera os louros da descoberta. Polêmica à parte, um grupo de médicos interessou-se pelo livro de Von Peczely. Dando continuidade a sua descoberta, empenharam-se no mapeamento da íris. Trocando informações entre si, esses médicos foram publicando vários livros o mais importante até então, Iridologia, o Diagnóstico Através do Olho, foi escrito por Henry Edward Lane, médico australiano radicado nos Estados Unidos. 

A iridologia moderna foi lançada pelo Dr. Bernard Jensen, que desenvolveu um mapa da íris representando a localização dos órgãos e tecidos. Em sua descrição, a íris é dividida em sete zonas: a íris direita representa o lado direito do corpo; a do olho esquerdo, o lado esquerdo. Existem noventa áreas específicas conhecidas em cada íris e cada uma é diferente da outra.
Apesar de contar com fervorosos defensores, a iridologia foi muito combatida. Como resultado, acabou abandonada quase por completo em benefício de novos métodos complementares de diagnóstico, sendo praticada quase exclusivamente por médicos adeptos da homeopatia e outras medicinas alternativas.





Fonte histórica: http://migre.me/lpeTN



[1] Blog de espiritualidade ‘Sabedoria do Deserto’ no qual Mauro de Almeida’ é autor e o mantenedor.



segunda-feira, 14 de abril de 2014

Tradição dos Antigos Judeus: O Urim e Tumim



Urim e Tumim - Nome de um ou mais objetos pertencentes ao Racional do Juízo que o sumo pontífice trazia ao peito de modo que estivesse sobre o coração do sacerdote quando se apresentava diante do Senhor (Ex 28.30; Lv 8.8). Estes objetos, provavelmente, eram guardados em uma dobra do Racional do Juízo, ou por baixo dele. 

Por meio do Urim e Tumim, o sumo sacerdote consultava a vontade de Deus em casos difíceis. Este processo não era aplicável a casos particulares, nem a interesses privados, e somente sobre negócios de interesse público. Por isso mesmo, o lugar do Urim e Tumim era no Racional do Juízo, onde se achavam gravados os nomes das doze tribos de Israel sobre pedras preciosas. Por meio do Urim e Tumim, se consultava a vontade de Deusa acerca de assuntos judiciais e de negócios públicos (Nm 27.21; cp. Js 9.14; Jz 1.1; 20. 18,23,27,28; 1Sm 10. 22; 14.36-42; 22.10,13; 23. 9-12; 28. 6; 30.7,8; 2Sm 2.1; 5.19, 23,24.

 O Urim e Tumim eram consultados, não só no lugar onde estava a arca, Jz 20.27,28; 1Sm 22.10, como em qualquer outro ambiente onde estivesse presente o pontífice devidamente autorizado. As respostas eram simples, consistindo em afirmativas ou negativas, nem sempre era este o caso, 1Sm 10.22; 2Sm 5.23,24. Ocasionalmente, também, quando o pecado havia interrompido a comunhão com Deus, não havia respostas, 1Sm 14.37; 28.6. Não se encontram referências ao Urim e Tumim, depois do reinado de Davi. Depois da volta do cativeiro, nenhum dos sacerdotes usava o Urim e Tumim, Ed 2.63; Ne 7.65. Somente o sumo sacerdote poderia gozar o privilégio de consultar o Senhor por meio do Urim e Tumim. leste privilégio constituiu a glória da tribo de Levi, Dt 33.8.


Tem havido diferentes explicações sobre o Urim e Tumim. Por exemplo: procuram descobrir analogia com as insígnias de que usava o sacerdote egípcio, quando funcionava como supremo juiz. Dizem os escritores clássicos que ele trazia um emblema suspenso ao pescoço por uma cadeia de ouro, representando a verdade, somente enquanto duravam as suas funções de juiz, que colocava sobre a pessoa a favor de quem pronunciava a sentença. Não existem provas que indiquem que tal insígnia também servisse para consultar a vontade divina. Outros são de parecer, que por ocasião de o sacerdote vestir o éfode com o Urim e Tumim e fazer oração a Deus, ocorria-lhe uma idéia, cuja origem divina se confirmava por um brilho estranho produzido pelas pedras preciosas do Racional do Juízo, ou peitoral. Deste fenômeno se originou a palavra Urim, que quer dizer luzes. 

Tem-se pensado que as respostas se percebiam através de um brilho sucessivo das letras que formavam os nomes próprios, gravados nas pedras; mas para nada dizer sobre o fato de que o alfabeto completo não havia produzido estes nomes, e que em várias das respostas de que há notícia, existem letras que não se encontram nas pedras, a idéia integral cheira aos milagres inventados pelos sacerdotes gregos e romanos, inteiramente estranhos aos métodos e concepções do ritual hebraico. Existem apenas duas teorias dignas de atenção.

1) O Urim e o Tumim eram um ou mais acessórios do éfode e que dele se podiam separar para serem usados à maneira de dados, e pelo modo por que caíam, revelavam a vontade de Deus. Esta é realmente uma concepção possível, mas sem provas a seu favor. Procuram firmar esta teoria, dizendo que duas vezes se faz referência ao lançamento de sortes, em íntima conexão com as consultas ao Urim e Tumim (1Sm 10. 19-22; 14.37-42). Neste último caso, Saul rogou ao Senhor que lhe desse a conhecer por meio da sorte porque é que não respondia ao seu servo. A palavra usada no original é thamim; que se pronunciava thummim. Assim sendo, o Urim e Tumim era uma espécie de sorte. Mas nas duas passagens citadas, o lançar as sortes é ato distinto de consultar o Senhor, e se realizava para propósito diferente daquele que pedia conselhos.

2) O Urim e Tumim não fazia manifestações exteriores, era antes um símbolo. O sumo sacerdote vestia o éfode com o Urim e Tumim, sinais de sua investidura para obter a luz e a verdade, como as duas palavras indicam, a fim de que pudesse buscar o conselho de Jeová da maneira por Ele indicada. Humildemente punha diante de Deus a sua petição. A resposta vinha-lhe à mente; e como tivesse feito o seu pedido de acordo com as Instruções divinas e baseada na promessa de que receberia luz e verdade, tinha-a como a expressão da vontade de Deus. A fé em Deus baseava-se na evidência das cousas não vistas. Esta interpretação do Urim  e Tumim harmoniza-se com o espírito de todo o ritualismo do tabernáculo. A resposta consistia em uma iluminação interna, sem nenhum sinal exterior em paralelo com as revelações dos profetas.

terça-feira, 25 de março de 2014

A voz através dos signos (sinais) – o Oraculum





Toda religião traz em si, em seus fundamentos, algo que exterioriza o eterno... sinais visíveis, palpáveis, e que de alguma maneira possam expressar o ‘Inacessível’, ‘aquele’ ou ‘aquilo’ que existe para além de nossa razão humana e que está contido no seio do criador de todas as coisas. Por esse motivo, todas as experiências religiosas se encarregaram de criar mecanismos exteriores que pudessem de certa forma representar o sagrado, quase que como uma confirmação divina ao trazerem em si a marca do desejo de infinito gritante no mais profundo de cada ser. É o mistério perenizado, e por vezes incompreensível, que se expande através dos séculos e das gerações, cada uma segundo sua experiência característica, configurado por meio de uma certeza quase que metafísica encontrada em tudo o que existe no universo. 

Os mitos, as histórias, bem como os acontecimentos de ordem marcante na memória do povo, contadas e celebradas de geração em geração, é a forma pela qual se estende o modelo particular de crença de cada tribo ou comunidade, de cada cultura, e, repassada por sua prole tentam assim eternizar nos ritos como forma segura de exaltar o sagrado ao passo que moldam suas vidas com a necessidade do alto. 

Podemos dizer que para cada experiência religiosa Deus quisesse se apresentar com um nome próprio, revelador de sua essência, característico ao modo de viver de cada ser vivente sobre o orbe e que de forma universal o pudéssemos reconhecê-lO como o Deus de vários nomes.

A questão das coisas que hão de acontecer é também algo assinalado nas grandes religiões, cada uma com o seu modo particular de nomear quanto à previsão do futuro em relação às inquietações existentes no âmago de cada um. Se para alguns o termo ‘adivinhação’ acarreta uma compreensão negativa, para outros é sempre o mesmo desejo profundo existente no coração de todo o ser em relação à vontade do alto em vista do presente, bem como do futuro. 

O que para alguns não passa de uma grande intuição, para outros é chamado de mediunidade – ou o dom de prevê o que está por acontecer – assim como para alguns ainda seja simplesmente conhecido e aceito como o dom de profecias; a este, se refere uma mesma realidade que ultrapassa todo entendimento, posto por Deus no interior de algumas poucas pessoas com o intuito de ajudar os seus irmãos no caminho da verdade para que se evitem os danos, assim como todo e qualquer mal, nocivos ao físico, à alma e ao espírito.

Fato especial e notável se faz comum em todas as grandes e reconhecidas religiões – quer do ocidente como do oriente – o que concretiza a certeza dessa mesma realidade denominada a partir de suas divindades, bem como de seus nomes próprios.  

O homem é por si mesmo espiritual e dessa forma transcende em seu limite no espaço onde se encontra. Há ainda no mesmo homem um desejo de Deus intrínseco que se mistura às suas angustias; o mesmo, por si só já é um sinal evidente de algo que lhe supera, que está para além de seu entendimento em relação a Deus, da forma como o entendemos, que ultrapassa todo e qualquer conhecimento. 

Nossas experiências espirituais tendem nomeá-lO (Deus) como algo concreto, ainda que jamais o tenhamos visto, mas sob uma possibilidade não tão frequente daquela experiência particular e profunda com O mesmo que se esconde no interior de todo aquele que O busca de verdade.   

Abaixo, damos a conhecer a lista de alguns nomes de deuses bem como de seus respectivos povos ou religião :

#Deus dos Gregos (antigos): Zeus
#Deus dos Indígenas: Guaraci
#Deus no Camdonblé: Olorum
#Deus do Egito (antigo):
#Deus dos Mulçumanos: Alah
#Deus dos Incas: Inti
#Deus dos Astecas: Huitzilopochtli
#Deus Indu: Shiva
#Deus dos Judeus e Cristãos: Ihaveh

O Oraculum

O oraculum é um instrumento utilizado como meio pelo qual se revelam o saber e os desígnios divinos, onde se direcionam a reta vontade e o desejo profundo de conhecê-los. É composto por seis peças elementares: quatro moedas e dois dados numéricos. Sua razão de ser e de interpretar se compreende na kabala, ciência secreta dos antigos judeus – acrescido por meio de uma adaptação – como forma de desvendar o significado dos números em relação à pessoa contidos na Sagrada Escritura.

Além das seis peças elementares observamos em sua constituição mais três peças complementares, a saber: um corporal, um copo com água e a vela. O corporal é a representação de Cristo, grande mensageiro do seio da trindade no meio dos homens; a água representa o caos: ‘No princípio... o Espírito pairava sobre as águas’ (Gn 1. 1-2). A vela é representada pela luz que ilumina o caos na criação do universo como primeira a ser criada: ‘...Faça-se a Luz...’ (Gn 1. 3). 

Apresentados estes símbolos, o mesmo é também composto por mais dois elementos considerados essenciais: o dom e a invocação. 

Estes dois últimos são tidos como essenciais pelo fato de haver aí a verdadeira consciência do chamado e a reta intenção que se confunde com a do próprio Deus, uma vez que é Ele mesmo quem revela os seus desígnios a quem O busca de coração sincero e puro.  

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Note-se, portanto, em tudo ser glorificado e exaltado o mesmo Nome de Deus, onde quer que seja o lugar e a experiência daqueles que O almejam de verdade, e, assim, a sua majestade seja difundida em todos os confins da terra, pelos séculos infinitos.  Assim seja!


domingo, 23 de março de 2014

Uma crítica sobre a Razão Tupiniquim



(Crítica sobre a Crítica da Razão Tupiniquim de Roberto Gomes*)




Ao longo da leitura percebemos como o autor insiste em mencionar o fato de que o Brasil não é detentor de uma Filosofia original. Do inicio ao fim vê-se nomeando, de diversas formas, o atraso de uma filosofia concreta, realista – que pudesse se dizer de casa – e, que se esconde sob os vieses de um pensamento alheio. 

Ao mencionar as origens do povo brasileiro, o mesmo sublinha o fato de sua exploração, desde sua descoberta, como um dos fatores de seu retrógrado desenvolvimento na área filosófica, ao constatar não ter uma autonomia própria na área do pensar que o desvinculasse do pensamento estrangeiro, nesse caso dos pensadores europeus. 

A minha crítica repousa sobre a crítica do autor deveras mencionada em seu texto e surge a partir do olhar extremamente pessimista em relação a superação de nossa gente, e, que embora seja uma pátria jovem, – o que não podemos deixar de levar em consideração – não deixa de avançar no conhecimento de sua realidade, bem como de seus reais problemas. 

Um dado que também deve ser levado em conta é o fato do ‘surgimento’, propriamente dito, da filosofia em terras gregas, e aqui gostaria de fazer a relação com os tantos outros tipos e vias filosóficas como uma continuidade daquela já discutida e apresentada pelos filósofos antigos.

Partindo dessa breve observação histórica, surgem alguns outros questionamentos pessoais:

– As questões que hoje levantamos e que o mundo ocidental, sobretudo, nos apresenta em seus mais conceituados pensadores como Heigel, Kant, Descartes, Spinoza, etc., já não foram de alguma forma levantadas pelos grandes e memoráveis filósofos da antiguidade, tais como Aristóteles, Platão, Sócrates e tantos outros? 

– As reais necessidades do homem, as materiais, bem como as que o transcendem não foram já de alguma forma mencionadas pelos notáveis metafísicos do passado e que hoje, segundo sua realidade particular, servem como paradigma de reflexão no intuito de encontrar uma resposta favorável à nossa realidade atual?

– O lugar do homem no mundo bem como o seu papel transformador na pólis (πολις) como membro efetivo e afetivo de mudanças coerentes segundo a razão natural inerente a todo ser, como também o respeito, a questão da liberdade, das virtudes e dos vícios não foram de alguma forma também já mencionados num passado remoto e vemos ainda hoje tão atuais em nossos dias?

A pergunta que não pode deixar de escapar diante dessa visão acentuada e tão pessimista é:

– Onde há de fato, em relação aos pensadores europeus, a verdadeira originalidade – da forma como nós entendemos – de seus trabalhos e pesquisas filosóficas?

Um dado importante, e que vale a pena repetir, é que o Brasil em relação a outras civilizações como a Europa já deu os seus primeiros passos e continua a dar passos significativos no âmbito filosófico. Há de fato em nossos dias, em nosso meio, uma presença da filosofia que nos esquadrinha, nos atrai, bem como a toda uma geração de homens e mulheres que estão por vir...   

Um exemplo característico dessa presença, e esta deve soar para nós como um sinal evidente de eficácia do pensamento, se encontra estampada no grito dos marginalizados de nosso tempo a favor do direito e do valor resgatado de cada pessoa na sociedade; se encontra ainda na organização das classes e tantos outros movimentos que se encontram nas cidades de nosso imenso país.  

Todo e qualquer pensamento racional, seja antigo ou novo, encontrará por certo sua razão de ser, de subsistir, confrontado com a realidade particular de cada gente, e, este mesmo servirá de modelo para tantas outras civilizações – o que denota numa certa igualdade de questões – ao se tratar do mesmo homem e seus aspectos em qualquer lugar que se encontre, ainda que sob influências culturais diversas e existentes no orbe.

As mesmas questões de ontem, sobretudo no que existe de mais essencial, seguramente são as de hoje e serão as do futuro por se tratar do mesmo homem, ainda que sob contexto diverso. Tão grande é a certeza desse enunciado que são mencionados ainda hoje os grandes nomes do passado como referência experimental e histórica e que por certo são devotados como luzes nas trevas de nosso quotidiano. 

Nunca houve em toda história da humanidade alguém que aceitasse a vergonha, a escravidão bem como todo e qualquer tipo de julgo, ainda que parecesse o contrário, até que surgisse dentre eles um apenas e despertasse a consciência da importância que cada um tem diante da comunidade ou do meio em que viviam. O homem já trás em si esta consciência, embora em alguns ainda adormecida mas ela está aí; é necessário que se levante um apenas para espantar o torpor da ignorância que impede de seguir adiante... 

Não seria isso também uma das funções da filosofia?

O movimento estudantil, a luta dos trabalhadores, as reivindicações do povo frente ao governo por saúde, moradia, educação e tantas outras questões de nosso tempo não são significantes no tocante a arte de filosofar? De onde vem surgindo essa consciência do povo em relação aos seus reais direitos e deveres?

Assim sendo, é um sinal suficientemente aceitável de que as academias de filosofia, por conseguinte, seus filósofos, estão cumprindo o seu papel no que concerne a conscientização e felicidade de sua gente. 

A civilização europeia, levando em conta toda a sua trajetória ao longo da história, para estar no patamar na qual se encontra hoje, ao ser considerada como ‘continente de primeiro mundo’, seguramente teve que passar pelo processo da aprendizagem comparado as mazelas dos países subdesenvolvidos, assim como em outros momentos de sua história teve que lidar com a barbárie, a guerra, a intolerância e tantos outros problemas que de alguma forma ainda não ascendemos tudo para de fato ser o que ela é hoje.  

Portanto, nada há de novo em nosso mundo, nem mesmo o torpor que nos abarca frente a crise de cada época específica, mas sem sombra de dúvidas é através de referências seguras do passado que vamos confrontando os mesmos embates do presente e dessa forma reconstruindo o nosso mundo na certeza de um lugar melhor e mais aprazível.   

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* Análise crítica realizada por Mauro de Almeida do livro de Roberto Gomes sobre a Crítica da razão Tupiniquim.
Mauro de Almeida é escritor na área da espiritualidade e estudante de Filosofia na Faculdade de São Bento da Bahia.