domingo, 16 de dezembro de 2012

Cobrança de estacionamento em Shoppings de Salvador


A Polêmica sobre a cobrança em estacionamento de Shopping Centers de Salvador oferece ao cidadão soteropolitano grandes oportunidades de reflexão.

Primeiramente, o projeto 87/2011 de 11 de abril, que versa sobre o tema em questão, foi apresentado pelo vereador Carlos Alberto Batista Neves (PMDB). Nesse sentido, questiona-se: os interesses de quem sua excelência defende? Dos cidadãos de Salvador que o elegeram com certeza que não. Por sorte ou talvez por demonstração de consciência política, o nobre vereador não logrou êxito nas últimas eleições proporcionais, não sendo assim reeleito.

No dia 05/12, foi publicado do Diário da Justiça do Estado da Bahia, uma decisão judicial que determina que em até 30 dias, os shoppings de Salvador pertencentes à Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) poderão passar a cobrar uma taxa pelos seus estacionamentos. Com isso, diversos protestos, principalmente em redes sociais, começaram a ser organizados como forma de retaliar a possível cobrança que venha a ser feita. Exemplos como o de Aracaju, onde decisão semelhante esvaziou os dois principais shoppings da cidade, estão sendo utilizados como forma de angariar mais adeptos aos protestos e pressionar os administradores dos centros comerciais.

Obviamente, cabe aos clientes protestar, mas acredito que os lojistas também deveriam se posicionar sobre o assunto, pois este serão os maiores prejudicados em caso de boicote, uma vez que perderão uma fatia significativa de suas vendas, ao mesmo tempo que, continuarão a pagar os elevados aluguéis para os administradores de shoppings.

Os gestores alegam que existe uma quantidade significativa “não-clientes” que utilizam seus estacionamentos, como por exemplo pessoas que trabalham em locais próximos. Isto de fato é verdade, mas também é uma visão destorcida e mesquinha. Alguns desses “não-clientes”, por transitar pelas instalações do shopping, acabam tendo alguma necessidade de compra despertada e adquirindo algum produto ou serviço. Por outro lado, qual a contrapartida oferecida por estas organizações à cidade?

O trânsito piora significativamente onde os shoppings são instalados e as melhorias feitas nas vias, muitas vezes, visam tão somente melhorar o acesso ao próprio estabelecimento. Recentemente, obras de um desses centros comerciais recém construídos causaram sérios transtornos a quem pretendia sair da cidade via BR-324. Adotar pracinhas, leia-se canteiros, que ninguém usa, também não é lá um benefício muito significativo. E a segurança então? Não é segredo para ninguém os casos de sequestros relâmpagos que ocorrem no estacionamento de um dos mais movimentados shoppings da cidade.

Desta forma, acredito sim que a utilização gratuita de estacionamento em shoppings é uma forma de oferecer uma contrapartida significativa à cidade que tem 93 carros para cada vaga de estacionamento. Observa-se também uma falta de habilidade do poder público em conduzir o assunto de forma conciliatória entre o cidadão e a iniciativa privada, que por sua vez, deveria viabilizar formas de tornar seus estacionamentos autofinanciáveis, como por exemplo, utilizando estes como espaço de autopromoção e marketing, incentivando o “não-cliente” a consumir no estabelecimento.