segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Mauro de Almeida (escritor)

Mauro de Almeida nasceu na cidade de Japaratuba, estado de Sergipe, e desde sua mais tenra infância sentiu-se atraído pelo propósito espiritual cristão.
Desenvolveu profundo interesse ao se identificar com a temática espiritual/humana, ingressando na vida religiosa através do Mosteiro Cisterciense em Jequitibá na cidade de Mundo-Novo/BA, onde pôde desenvolver sua busca na compreensão de si mesmo como pessoa – permanecendo aí por sete anos – no exercício das funções que lhe fora incumbido, conforme se exige a experiência monástica e realidade do lugar que abraçou.
Neste período, obteve por meio de leituras e reflexões, quer pessoal ou dirigida, uma boa formação humana/espiritual que o aguçou ainda mais na busca sobre o mistério que é o homem e sua ligação com o chamado interior realizado no coração de cada pessoa em sua particularidade.
Estudou filosofia no Instituto Teológico Pastoral do Ceará (ITEP) em Fortaleza/CE. Atualmente dedica-se no aprofundamento da vida e do vasto patrimônio espiritual deixado pelos 'pais do deserto', e a desenvolver na escrita sobre o conhecimento que esses homens sábios e embriagados de Deus deixaram para as gerações hodiernas.


Brasão Mauro de Almeida


*Neste brasão se encontra o resumo explicativo para todos os trabalhos escritos por Mauro de Almeida.

Significado dos símbolos


A Cruz – É um dos símbolos mais antigos da fé cristã. Os primeiros cristãos encontraram nela o sinal visível que os identificavam como seguidores e participantes no mistério de Cristo pelo batismo, fazendo assim lembrar-se do elo de pertença que aí se forma pela adesão ao reino de seu Pai. 
Na mesma, encontramos ao pé a cor vermelha, para lembrar com que entrega e amor à vontade de Deus o próprio Cristo derramou o seu sangue, não se esquivando do desafio que lhe sobreveio, pela redenção dos homens.

As três estrelas – Nos revelam o mistério trinitário e com que forma o mesmo está presente na história de todo o homem, desde sua origem. Nota-se que, a que se encontra ao meio, por conseguinte, a maior dentre as duas outras, está ligada à Cruz para nos indicar a semelhança que se deu por meio de sua encarnação com a natureza humana, embora tendo conservado sua divindade;  é sempre o mistério divino que se mistura à vida do homem em seu interior, com o intuito de restaurá-la. Para esse fim, faz-se mister a tomada de consciência desta realidade, que traz em si mesma o apelo percebido no anseio de cada pessoa em particular, como um chamado insistente de fazer a experiência de Deus ao buscá-Lo dentro de si.

O lado negro com a flor – O negro aqui representa as nossas trevas, nossas misérias, nossos males, o que existe de mais sombrio em nossas ações insubordinadas e que vez ou outra se revelam em alguma situação, ao longo de nossa caminhada terrestre. A flor representada em meio ao espaço negro é um Lótus. Bem conhecida na cultura oriental, é encontrada como um símbolo ao lado de grandes deuses e mestres espirituais iluminados; ela nasce na lama e só se abre quando atinge a superfície, onde só então se mostra em sua beleza com suas luminosas e imaculadas pétalas auto-limpantes, isto é, tem a propriedade de repelir microorganismos e poeiras. Ela representa a pureza original, em outras palavras simboliza aqui o próprio Deus que quer ser encontrado com toda a realidade que existe dentro de nós mesmos.

A árvore seca – Este símbolo é a representação a mais próxima no que se refere ao tempo vivido pelos (as) anciãos (ãs). É possível notar que na imagem apresentada, ainda que em pleno deserto, se pode ver em seu cimo uma folha verde, sinal da vitalidade espiritual que subsiste à fraqueza física. A esta árvore se agrupa a memória do trajeto percorrido por tantos homens e mulheres, que, buscando a solidão do deserto, encontraram aí a forma de estar em contato com a sua verdade, a mais pura. Por meio deste contato, puderam fazer a verdadeira experiência de Deus ao se aceitarem em sua condição débil. Relacionado a este meio de isolamento voluntário, está a passagem do homem pelo abismo de suas próprias trevas, ou se quiser, de seus próprios vícios, como também ainda no confrontar-se com as situações de impotência frente às perdas, a doença, o medo ou qualquer que seja o momento que o ponha sob o estado ou sentimento de abandono.

O cajado – É compreendido como o instrumento em que se apóia a fragilidade dos (as) anciãos (ãs) e, consequentemente, de qualquer ser humano cansado das lutas empreendidas.  É o sinal do consolo nas penas, um chamado à razão para saber esperar quando não mais parecemos suportar o peso de nossa jornada.

O sol – Na cultura cristã o sol é sempre figura de Cristo, sobretudo, no que se refere a sua divindade. É justamente sob esta luz que ilumina e dá vida que são vividos os momentos de conflitos internos, como, as lutas diárias, com o olhar que se volta para a misericórdia de Deus e que contempla a si mesmo antes de qualquer outra criatura. O sol é por assim dizer, a voz interna que nos indica a direção do verdadeiro caminho, que abre os nossos olhos para a verdadeira imagem que Deus faz de nós, sem negar aquilo que compõe nossa essência, ou seja, o que de fato somos e para o qual fomos feitos, antes mesmo de virmos ao mundo.
O sol também é entendido como a fonte da sabedoria espiritual, e que, ao longo do caminho, se vai adquirindo pelo experimento, com aquela atenção devida para o que o mesmo, por meio de seu clarão, está a nos apontar dentro de nós mesmos, nas condições onde quer que nos encontremos, em outras palavras, com a experiência profunda que se faz como pessoa humana. 

 Resumo

In Debilitate Virtus (na fraqueza, a força) – Este lema visa ressaltar o paradoxo que é constatado na existência de cada homem – realidade muitas vezes esquecida – e que envolve a verdade sobre si mesmo por meio da tomada de consciência de suas fraquezas, da potencialidade que a partir de então se gera seguida do confronto, contida na vida de toda pessoa em sua particularidade.
Para a melhor compreensão deste assunto, podemos buscar razões explicativas que se encontram inseridas no mistério da natureza; é justamente por fazermos parte da mesma natureza criada que podemos nos enxergar dentro dela e vice-versa.
Tomemos como primeiro exemplo, a semente. Ao olharmos para uma semente sabemos que ela é em potência a árvore contida em sua espécie característica, mas somos cientes de que a mesma tem que apodrecer para ser manifestada a sua força. Ela é constituída como tal, e sem esse processo, aparentemente de morte, não tem como se mostrar frondosa.
Sob teor diferente, mas paralelo a esse âmbito do reino vegetal, podemos considerar um exemplo do reino mineral ao citar o diamante; ele não é nada mais que um composto de carbono em seu estado fosco, disforme e bruto – sem formosura alguma – mas, que, polida, torna-se um elemento de beleza ímpar por seu brilho extraordinário. Semelhante a isso podemos constatar no ouro a mesma realidade, quando o mesmo, por sua vez, é descoberto no solo ou nas rochas, ao se apresentar misturado a impurezas que aí se encontram.
Em relação ao homem, das transformações possíveis de suas ações, há um dado todo particular de se entender o mistério que envolve a força, como por assim dizer, toda subordinada à fraqueza, e que se dá pela tomada de consciência da mesma.
Para um atleta, é imprescindível ao mesmo estar consciente de suas debilidades para só assim poder capacitá-las ao transformá-las em força no adestramento de suas impossibilidades em vista da sua própria superação, etc.
Estes exemplos são aqui apresentados na esfera física de nossa realidade extra/quotidiana é claro, mas o que aqui queremos propor é a maneira pela qual podemos alcançar a força no confronto diário que procura dialogar com o que mais nos incomoda, sobretudo com as nossas fraquezas morais e espirituais, que passam de certo em primeiro lugar na tomada de consciência de nossa verdade a mais pura. É por meio desta via que poderemos encontrar o ponto de partida para a verdadeira transformação que tem o seu princípio no coração (ou consciência) de cada homem. 


*Criado na Solenidade da Ascensão do Senhor de 2011



Obra publicada

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Ao longo de toda história da humanidade nos deparamos com a realidade, no que concerne às fraquezas, contida na experiência de todo homem e de toda mulher de todos os tempos, até os nossos dias. Este livro tenta direcionar o leitor para o encontro com a realidade de cada um em sua individualidade, no intuito de estabelecer o diálogo com o que existe de mais incômodo em seu interior, a partir da tomada direta de consciência sobre a verdade que compõe sua existência.

À luz de Deus e experiência dos 'pais do deserto' que se soma a realidade vivida por cada pessoa, encontraremos aqui o caminho que nos ajudará a conviver com o nosso mal particular e dar a abertura devida ao 'Bem', contraposta a nossa maneira de repugnar os fatos que existem dentro de cada um de nós pelo julgamento.

Este mesmo visa estabelecer uma convivência pacífica com o nosso eu mais indesejável, por meio da reconciliação e aceitação de si mesmo; sendo assim, se estabelece a partir de então a humildade capaz de acolher sua verdade pura, em vista da compaixão que começa sobre si próprio e depois para com o outro.

 
# Para mais informações sobre o autor, acesse o blog:
                                             
                                           



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