PNEUMATOLOGIA
FUNDAMENTAL BÍBLICA 2019
«À
Cristologia e especialmente à Eclesiologia do Concílio deve suceder um estudo e
um culto novo ao Espírito Santo, como complemento que não pode faltar ao
ensinamento conciliar» (Paulo VI 6.6.’73).
«O
Espírito é também, em nossa época, o agente principal da Nova Evangelização»;
«Sempre, quando intervém, o Espírito nos deixa surpreendidos, suscita eventos
cuja novidade pasma; muda radicalmente as pessoas e a história. ... Sob a guia
do mesmo Espírito, a Igreja tem redescoberto como constitutiva de si mesma a
dimensão carismática ...» (João Paulo II, Carta Apostólica “Tertio Milênio
Adveniente).
À
luz destes apelos, se torna evidente a importância e atualidade da Pneumatologia para
os nossos tempos. Daí a proposta de um Curso universitário, com a finalidade de
introduzir aos fundamentos bíblicos desta disciplina, descobrindo as riquezas
inesgotáveis deste referencial primário representado pelo Pneuma
(Espírito).
Na
sua fundamentação bíblica, Pneumatologia é disciplina teológica e antropológica.
1.
a) Com clareza, dentro da teologia
paulina, ela é disciplina antropológica, sendo uma vez
reconhecido que o ser humano é uma totalidade (holókleron), na
composição de «espírito (pneuma) e alma (psiché) e corpo (soma)» (1
Tes 5, 23). Na nossa cultura ocidental, dos três, o espírito parece
ser o valor menos considerado, até desaparecendo no estereótipo cultural comum
de “corpo e alma”, “corpo mortal - alma imortal”, com perda das
conotações próprias do espírito e do devido equilíbrio entre
as três componentes. Assim, a frente de inúmeras instituições acadêmicas
relativas ao corpo e à psiché, quanto ao espírito,
parece ter que reconhecer uma singular falta e ausência. Será, portanto, entre
as tarefas específicas do Curso (1a parte), evidenciar e resgatar este valor
próprio do espírito dentro do quadro antropológico-bíblico,
conforme o qual a “alma vivente” é chamada e orientada a se tornar
“espírito vivificante” (1 Co 15, 45).
1.
b) Pneumatologia é disciplina
teológica evidentemente fundamental, que encontra seu lugar, de
norma, depois da Cristologia e como cumprimento da
Cristologia, abrindo consequentemente à Escatologia. No seu
referencial ao Espírito Santo, ela entra também
constitutivamente no quadro teológico do Mistério Trinitário. A importância
do Pneuma na S. Escritura é destacada desde o início do Antigo
e do Novo Testamento, mesmo aparecendo em ambos, sua reconhecida prerrogativa
vivificante e fecundante.
São
muitos os sinais dos tempos que apontam para uma atualidade da Pneumatologia na
vida da Igreja. Entre outros, um destaque particular pode ir para os vários
movimentos de inspiração ‘carismática’ que atestam uma vitalidade,
por alguns aspectos, nova na vida da Igreja. A «redescoberta da dimensão
carismática como constitutiva na Igreja», referida pelo Papa João
Paulo II, representa uma afirmação importante para uma reconsideração dos fundamentos
da Igreja, conforme o enunciado paulino: «Edificados sobre o fundamento
dos Apóstolos e dos Profetas» (Ef 2, 20). Sem dúvida, ao longo da sua
historia, a Igreja pode reconhecer quanto a sua vitalidade tenha sido
dependente desta componente ‘carismática’, o «Novum» - juntamente
com o «Bonum e o Unum» – sendo prerrogativa própria do Espírito.
Amplos
campos se abrem portanto, hoje, para esta «Nova Evangelização da qual o
Espírito é agente principal» (João Paulo II); ao mesmo tempo, sempre com
maior urgência se propõe a necessidade de um aprofundamento no que diz respeito
ao discernimento dos carismas, conforme o convite paulino: «Não
extingais o Espírito; não desprezeis as profecias; examinai tudo; retende
o que é bom»; 1 Ts 5,19-21). Daqui a necessária correlação também com uma
renovada atitude pastoral.