A Polêmica sobre a cobrança em
estacionamento de Shopping Centers de Salvador oferece ao cidadão
soteropolitano grandes oportunidades de reflexão.
Primeiramente, o projeto 87/2011 de
11 de abril, que versa sobre o tema em questão, foi apresentado pelo vereador
Carlos Alberto Batista Neves (PMDB). Nesse sentido, questiona-se: os interesses
de quem sua excelência defende? Dos cidadãos de Salvador que o elegeram com
certeza que não. Por sorte ou talvez por demonstração de consciência política,
o nobre vereador não logrou êxito nas últimas eleições proporcionais, não sendo
assim reeleito.
No dia 05/12, foi publicado do
Diário da Justiça do Estado da Bahia, uma decisão judicial que determina que em
até 30 dias, os shoppings de Salvador pertencentes à Associação Brasileira de
Shopping Centers (Abrasce) poderão passar a cobrar uma taxa pelos seus
estacionamentos. Com isso, diversos protestos, principalmente em redes sociais,
começaram a ser organizados como forma de retaliar a possível cobrança que
venha a ser feita. Exemplos como o de Aracaju, onde decisão semelhante esvaziou
os dois principais shoppings da cidade, estão sendo utilizados como forma de
angariar mais adeptos aos protestos e pressionar os administradores dos centros
comerciais.
Obviamente, cabe aos clientes
protestar, mas acredito que os lojistas também deveriam se posicionar sobre o
assunto, pois este serão os maiores prejudicados em caso de boicote, uma vez
que perderão uma fatia significativa de suas vendas, ao mesmo tempo que,
continuarão a pagar os elevados aluguéis para os administradores de shoppings.
Os gestores alegam que existe uma
quantidade significativa “não-clientes” que utilizam seus estacionamentos, como
por exemplo pessoas que trabalham em locais próximos. Isto de fato é verdade,
mas também é uma visão destorcida e mesquinha. Alguns desses “não-clientes”,
por transitar pelas instalações do shopping, acabam tendo alguma necessidade de
compra despertada e adquirindo algum produto ou serviço. Por outro lado, qual a
contrapartida oferecida por estas organizações à cidade?
O trânsito piora
significativamente onde os shoppings são instalados e as melhorias feitas nas
vias, muitas vezes, visam tão somente melhorar o acesso ao próprio
estabelecimento. Recentemente, obras de um desses centros comerciais recém construídos
causaram sérios transtornos a quem pretendia sair da cidade via BR-324. Adotar
pracinhas, leia-se canteiros, que ninguém usa, também não é lá um benefício
muito significativo. E a segurança então? Não é segredo para ninguém os casos
de sequestros relâmpagos que ocorrem no estacionamento de um dos mais
movimentados shoppings da cidade.
Desta forma, acredito sim que a
utilização gratuita de estacionamento em shoppings é uma forma de oferecer uma
contrapartida significativa à cidade que tem 93 carros para cada vaga de
estacionamento. Observa-se também uma falta de habilidade do poder público em
conduzir o assunto de forma conciliatória entre o cidadão e a iniciativa
privada, que por sua vez, deveria viabilizar formas de tornar seus
estacionamentos autofinanciáveis, como por exemplo, utilizando estes como
espaço de autopromoção e marketing, incentivando o “não-cliente” a consumir no
estabelecimento.